Nos últimos anos, a ciência tem mostrado que a saúde capilar é muito mais sistêmica do que imaginávamos. E que o intestino pode ser um maestro silencioso nesse processo.
Intestino: onde tudo começa
Cerca de 80% do sistema imune está no trato gastrointestinal. A microbiota intestinal saudável regula a absorção de nutrientes, modula o eixo HPA (estresse) e atua na produção de neurotransmissores como serotonina, GABA e dopamina — todos com impacto na saúde do couro cabeludo.
Estudos apontam que disbiose intestinal pode:
- Reduzir absorção de ferro, zinco e vitaminas do complexo B
- Aumentar citocinas inflamatórias (IL-6, TNF-α), que aceleram a fase telógena (queda capilar)
- Alterar o metabolismo hormonal via reabsorção de estrogênios no intestino grosso (estroboloma)
Estresse e queda capilar: via cortisol
O estresse crônico ativa o eixo HPA, elevando níveis de cortisol. O cortisol, por sua vez, reduz o tempo da fase de crescimento capilar (anágena) e aumenta a fase de queda (telógena). Além disso, ele interfere na conversão de T4 em T3, afetando a função tireoidiana e, por consequência, a densidade capilar.
O cuidado eficaz envolve:
- Avaliação da microbiota (testes de disbiose, calprotectina, zonulina)
- Estudo dos hormônios sexuais, tireoidianos e do eixo HPA
- Diagnóstico por imagem quando necessário (US de tireoide, adrenais)
Conclusão: A saúde do seu cabelo começa no intestino — e no seu estado de presença. Tratar a queda é tratar a raiz, literalmente e metabolicamente.
Referências:
De Pessemier B, et al. The gut–skin axis in health and disease: a paradigm with therapeutic potential. Clin Rev Allergy Immunol. 2021.
Henneicke H, et al. Corticosteroids and bone: mechanisms of action and clinical implications. Clin Rev Bone Miner Metab. 2018.